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A mostrar mensagens de 2010

Nota de edição: 0005

Olá caros seguidores da doutrina Campesiana... É com muito gosto que publico a quinta edição das doutrinas. Nesta edição optei por duas pequenas frases, sendo uma delas desconexa. A edição segue também com uma refexão e uma estória. Espero que esta edição seja do vosso agrado. Agradeço ainda que comentem, obrigado. Os meus cumprimentos, Campos.

“Adulto…???”

Será que sou um adulto??? Hoje de manhã uma criança perguntou-me: “Tu és um adulto?” Ao que eu fiquei sem resposta. Fui trabalhar e não pensei mais no assunto. Ao vir para casa lembrei-me, será que sou capaz de responder? O que define um adulto? Qual é a fronteira?   Se trabalhar, fará de mim um adulto? Mas há crianças que trabalham. Será pelo modo de vestir? Mas há pessoas que se vestem de forma ridícula com todas as idades. Será pela idade? Mas há sempre pessoas mais velhas que se comportam como verdadeiras crianças. Será que se tem que parecer sério, para ser considerado um adulto? E os palhaços, e não me refiro apenas aos que trabalham, serão adultos nos tempos livres?

“A espera…”

Ergue o saco do chão e tira lá de dentro uma sandes de presunto embrulhada em guardanapos . -“A menina tem fome?” Diz ele, o velho, à menina que se encontrava sentada do seu lado esquerdo. A menina acena, timidamente, que não e ele continua. -“Sabe eu já estou aqui desde as sete da manhã. Isto é sempre a mesma coisa, obrigam-nos a vir bem cedo e despacham-nos tarde, já quase de noite. Acho que eles gostam de nos ver aqui a sofrer. E depois, ainda há quem os presenteie no Natal! Esses sim é que mereciam esperar, e olhe que não eram nem oito nem dez horas, vinte e quatro horas e sem puderem comer nada, que era para verem se aprendiam…” A menina acena que sim, evitando a conversa. -“Eu tratava-lhes da saúde a todos…” Volta o velho ao ataque -“Esses tipos de bata branca, armados em tipos importantes e essas velhas solteironas frígidas que se acham importantes, era fechá-los na casa de banho durante dez ou doze horas, e ver essa cambada a sofrer ali fechados. Desligava-lhes a água, para que

Nota de edição: 0004

Olá caros seguidores da doutrina Campesiana... É com muito gosto que publico a quarta edição das doutrinas. Agradeço desde já a participação pertinente e exclarecedora por parte do camarada João Almeida relativamente ao comunicado:0001. Nesta edição optei por voltar a um formato convencional, tal como nas primeiras edições. Dedico ainda a estória "A viagem..." ao camarada NAP, cujo comentário de 28 de Junho, na estória "Agentes imobiliários" se referiu à "espécie curiosa que são os taxistas". Espero que esta edição seja do vosso agrado. Agradeço ainda que comentem, obrigado. Os meus cumprimentos, Campos.

“Dialogo???”

-“Um diálogo acontece entre dois seres!! Senão é um monólogo!!” -“Depende da tua sanidade…Por vezes até se vêem criaturas, mas geralmente só se ouvem…”

“Traz fotos…”

Sinto o cheiro a álcool, o seu intenso odor entra nas minhas reentrâncias nasais. Mesmo estando a dois bancos de distância. Os homens não param com as suas discussões, desde que entraram no autocarro. Mal se percebe o que eles dizem, o álcool fala por eles. Apenas entendi meia dúzia de palavras no meio de todo aquele escarcéu. Daquele alarido, vieram à conversa: armas, turras e fotos. Talvez a embriaguez tivesse trazido algumas reminiscências de uma temporada por África, lá para os tempos da guerra colonial. Findo a disputa, um deles, já levantado e aprontando-se para sair, virou-se para trás e disse melancolicamente “traz fotos…”. E deu assim por terminada a discussão, que por alguns instantes pareceu assumir contornos perigosos…

“Ao fim do dia…”

Os carros passam uns atrás dos outros… O dia já lá vai… Fecho os olhos e sinto o burburinho dos carros a passar, de quando a quando lá passa um autocarro interrompendo o burburinho e lançando em mim o caos. Falso alarme, não é o “meu” autocarro. Mantenho-me atento, vem atrasado novamente… Finalmente lá chega. Os seus bancos são de plástico, que desconforto! Mas, pelo menos não cheira mal… … Na paragem seguinte, uma jovem entra, senta-se e coloca de imediato os seus pés em cima do banco da frente. Limito-me apenas a fazer vista grossa… O civismo há muito que ficou, talvez por ter-mos tudo, ou talvez por nada ter-mos…”

“A viagem….”

Saí de casa, pouco passava das cinco e meia… Enquanto esperava pelo táxi contemplava as estrelas, entre arrepios gélidos. O céu hoje está limpo. - “Que frio, burrrr…”, digo a mim próprio, tremelicando. Desta vez, o taxista não contou nenhuma história, ficou-se apenas pelo tema clássico, “o tempo”. - “Está fresco hoje!”, disse ele. Os taxistas têm sempre inúmeras histórias a partilhar com quem queira, ou mesmo até, com quem não as queira ouvir. Muitas vezes não são histórias, são estórias que se vão desenrolando naquelas perigosas cabeças. Existem estudos que comprovam que o cérebro deles é diferente, será que esses académicos nunca andaram de táxi? É que se andassem teriam logo chegado a essa conclusão. Poupariam recursos e esforços e poder-se-iam concentrar mais noutros estudos, talvez até mesmo mais interessantes tais como: pessoas que tiram autênticos gorilas verdes, enquanto conduzem; ou porque será que os pensionistas são autênticos especialistas no que toca na matéria das obras p

Nota de edição: 0003

Olá caros seguidores da doutrina Campesiana...   É com muito gosto que publico a terceira edição das doutrinas.   Nesta edição optei por inovar um pouquinho ao propor-vos um desafio, para tal poderão opinar sobre o assunto, será que iremos chegar a um consenso?   O resto da edição segue com a estrutura das duas anteriores, uma frase e duas estórias. Relativamente à estória com o título “Férias???”, desejo salientar, para quem não leu a primeira edição, que será desejável efectuar uma leitura nas estórias “O Gasolineiro…” e “O soldado…", são textos pequenos. Espero que esta edição seja do vosso agrado. Agradeço ainda que comentem, e que participem no debate, obrigado.

Comunicado:0001

Tenho vindo a constatar nos últimos meses de que algo de estranho se passa no reino animal. Não sei qual a verdadeira razão, qual o motivo, mas o certo é que as aves, nomeadamente os pássaros apresentam os seus reflexos a um nível diminuto. É frequente, por pouco não atropelar um melro, um pardal, ou mesmo uma rola, pois estes permanecem pousados na estrada até ao último milésimo de segundo. Por vezes, ainda, praticam um voo rasante que por pouco não “atropelam” o nosso carro. A minha proposta seria que se abrisse uma espécie de fórum onde se debatesse algumas respostas possíveis à questão levantada. Para tal, podem deixar alguns comentários.

“Férias ???”

A tasca encontra-se encerrada para obras. O soldado mantém a sua rotina. O seu porto é agora a rua defronte da tasca. Privado da sua “mini” matinal, nota-se uma tristeza ainda maior no seu rosto, já de si, marcado por uma longa guerra. O gasolineiro vejo-o agora raramente. Das poucas vezes que o vi, não trazia nem as jardineiras, nem a pasta, e o boné era outro. As suas vestes não eram de gasolineiro, mas a fisionomia dizia o contrário. Provavelmente está de férias, está à civil. “O Gasolineiro…”   “O soldado…"  

“A torrada.”

Era um indivíduo estranho, de uma raridade espantosa. Tinha ideias próprias e sempre o admirei por isso. Regia os seus actos por probabilidades criadas pelo próprio. Demorei alguns anos a percebe-lo, e admito que não foi nada fácil. Mas depois de o perceber, de o entender, de saber a forma como os seus pensamentos são estruturados, fica um tipo previsível, sobretudo se tivermos conhecimento das suas probabilidades, da sua realidade. Para que se veja que é um tipo peculiar, cada vez que vai lanchar, a um café, opta sempre por comer um bolo, faz uma inspecção minuciosa da vitrina e quando não lhe agrada, simplesmente nada diz e irrompe rumo à porta, partindo em busca de outro café. Outro dia já numa segunda tentativa frustrada, depois de todas as hipóteses esgotadas, num acto de profundo desespero acabou por pedir uma torrada. O singular aqui é que ele gosta de torradas com muito, mesmo muito pouca manteiga. Para verificar a quantidade de manteiga deixou cair a torrada em cima da mesa

Nota de edição: 0002

 Olá caros seguidores da doutrina Campesiana... É com muito gosto que publico a segunda edição das doutrinas. Nesta edição optei por colocar uma pequena frase e duas pequenas estórias. Curiosamente, os temas encontram-se relacionados nestas últimas. Espero que sejam do vosso agrado. Agradeço ainda que comentem, quer tenham gostado ou não... Os meus cumprimentos, Campos. ( doutrinascampesianas@gmail.com )

“A floresta”

Cai a noite na grande cidade.. Avisto apenas prédios e mais prédios. É como se estivesse numa floresta e os prédios fossem as árvores. T3 vende-se, T2 aluga-se… Passa por mim uma criança de sorriso apagado, como que desprovida do seu espaço e de todos os seus brinquedos . Finalmente, o escuro invade as clareiras desta floresta. Um silêncio perturbador… De repente, uma sirene interrompe este silêncio. Fico assustado, e apercebo-me que este não é o meu mundo…

“Agentes imobiliários…”

. .. Sempre me intrigou o que eles conversavam, qual o seu assunto? O certo é que ambos tinham a mesma profissão, agentes imobiliários, assim se intitulavam. No fundo… Nada faziam, nada investiam, limitavam-se apenas a receber os potenciais clientes e a mostrar-lhes as casas. Quando o cliente comprava a casa eles recebiam uma generosa comissão. Passavam horas e horas em conversas, eu aqui de cima observava-os com alguma minúcia, como se de estrelas se tratassem... Embora, com muito desagrado nunca conseguisse descortinar o conteúdo de qualquer conversa. Bem… Não sei se poderíamos considerar uma conversa, pois no fundo talvez fosse mais um monólogo. O indivíduo, talvez vinte a trinta anos mais velho falava, falava, gesticulava; e ela limitava-se apenas a ouvir. Mas por mais estranho que pareça era sempre ela que o procurava. Ia em sua busca, procurava-o junto da sua barraquinha. Vinha sempre com uns saltos altos e calças excessivamente justas, que torneavam todo o seu esbelto corpo. Ju

Nota de edição: 0001

Olá caros seguidores da doutrina Campesiana...  É com muito gosto que a pedido de amigos, dou início a este Blog.  Para a primeira edição optei por colocar um pequeno diálogo e duas pequenas estórias. O material apresentado, remonta aos primórdios da minha escrita, foram inicialmente escritos no telemóvel na ida para o trabalho de autocarro. Espero que sejam do vosso agrado. Agradeço ainda que comentem, quer tenham gostado ou não...  Os meus cumprimentos,                                         Campos. ( doutrinascampesianas@gmail.com )

“O Gasolineiro…”

 Apresentava-se sempre de jardineiras azuis e um boné. Não fosse o boné fazer publicidade a uma estação televisiva, eu diria que se tratava de um gasolineiro.  Tinha o perfil idealizado por mim para um gasolineiro, a fisionomia e o estilo. Um gasolineiro da velha guarda, daqueles que só se vêm nos locais mais recônditos. Para compor mais a “personagem”, esta trazia sempre consigo uma mala preta de mão e uns óculos de massa bastante graduados. A sua idade já era avançada no tempo, uns sessenta e e…  Nunca percebi o que fazia. Apenas sei que entrava numa determinada paragem e saía duas à frente, isto, várias vezes ao dia.  Gasolineiro não seria decerto, embora no meu imaginário o fosse…”

“O soldado…"

 Todos os dias antes das nove da manha lá estava ele à porta do café, para não chamar tasca...  É um cliente fiel e pontual. Quanto ao facto ser bom ou mau pagador nada sei, limito-me apenas a passar de autocarro defronte do café.  Ele marcava presença sempre com um cigarro na boca e duas muletas. Era um dos despojos da guerra colonial. Um indivíduo marcado e esquecido. Por vezes aparecia com uma mini numa mão e uma muleta na outra. É uma figura degradante, um retrato de outros tempos. Mas quem sabe como seria se a sua vida tivesse tido um destino menos trágico. A tasca seria um café chique, o cigarro seria um charuto e a mini seria um copo de wisky com gelo?   Os vícios seriam os mesmos, mudaria apenas a forma…”