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O homem e os grelhados...

Quando se fala de homens e cozinha as teorias, as opiniões, são as mais variadas e por vezes pouco ou nada consensuais. Algumas doutrinas acusam ainda o homem de sujar e desarrumar a cozinha; outras defendem que os homens são um zero à esquerda nesta divisão da casa e que nem um ovo sabem estrelar; creio que esta seja talvez uma das opiniões mais pejorativas e também das mais generalizadas no que toca à (parca?) relação entre o homem e a cozinha. Os homens, os que cozinham, mesmo que poucos, quando se aplicam são capazes de envergonhar algumas mulheres e não falo só de mulheres armadas em modernas e que compram tudo já confeccionado, ou ainda das que se ficam apenas por uma mísera sandes ou uma sopinha religiosamente precedida por uma saladinha. Bom… Não nos vamos desviar da temática central, o homem. Existem ainda doutrinas que defendem acerrimamente que os melhores cozinheiros, os cozinheiros de renome são geralmente homens. Sem querer ferir susceptibilidades, o certo é que tal doutrina possui algum teor de verdade.
Mas perante tanta doutrina dispare entre si, existe um consenso. Por mais pejorativa, por mais abonatória que seja a doutrina, certo é que o lugar, ou pelo menos um lugar, do homem na cozinha, ironicamente não é na cozinha. Efectivamente, o lugar é no quintal, ou na varanda, junto do grelhador, ou do fogareiro no caso dos homens mais modestos ou de parcas economias. Certo é que, quando em casa se decide fazer grelhados, existe um código instituído, e tal nobre tarefa, caberá impreterivelmente ao homem. O homem cumpre religiosamente a sua tarefa ancestral de fazer o fogo, e virar a comida para esta atinja um estado quase utópico de nem ficar crua, nem ficar carbonizada, como se de uma ciência se tratasse. Não sei ao certo de onde vem tal designação, apenas sei, que o homem está incumbido de tal tarefa, essa é a sua missão, uma missão mais que nobre e que se encontra fortemente enraizada na nossa cultura. Alvitro duas razões, mesmo admitindo que possam não ser as mais corretas, a primeira creio que se encontra relacionada com questões filantrópicas societárias que remontam ao tempo das cavernas em que o fogo era uma descoberta recente, a outra razão, creio que tem por base na propaganda norte americana veiculada pelos filmes que mostram os homens de volta do grelhador a festejar o dia da independência.
E se nós no dia da restauração da independência grelhássemos alheiras e chouriços, não seria boa ideia? Apelo já, para que se crie um movimento que tenha como propósito tal instituição…

Comentários

  1. Senhor Provedor Américo Baptista30 de junho de 2012 às 16:11

    Sem dúvida que se trata de uma visão muito realista do espaço ocupado pelo homem na cozinha.
    Gostava só de acrescentar uma imagem que me ocorre, que é a do homem com o garfo de virar os grelhados numa mão e uma mini na outra. Sim porque faz calor e um homem tem os seus direitos.

    Senhor Provedor Américo Baptista.

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