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Viagem atribulada

As condições climatéricas naquele dia eram no mínimo deploráveis. A missão consistia em ir a uma empresa situada em Espanha a cerca de 100Kms de casa.
O trajeto em terras nacionais tivera algum nevoeiro. A entrada em Espanha fora razoável. E seguindo as indicações do GPS as coisas tornavam-se bem mais simples. Ao fim de uns quilómetros surge uma portagem, o dispositivo de via verde apita mas não estava na “via fácil”, tento pagar com o cartão, mas o raio do cartão não funciona e acabo por pagar em dinheiro.
O nevoeiro adensa-se cada vez mais, o GPS indica que tenho de mudar de autoestrada, sigo religiosamente as suas indicações e entro noutra autoestrada, mas a entrada desta era feito pelo lado esquerdo, do lado direito vinham carros a alta velocidade (sobretudo para o nevoeiro que estava), após algumas renúncias da minha parte lá arranjei coragem e meti-me à faixa, felizmente não aconteceu nada!
O nevoeiro está ainda mais denso, as placas não se conseguem ver, felizmente trouxe o GPS. Este indica que tenho que sair a 2Kms, do lado direito parecia haver uma saída, mas o GPS dizia que faltavam 2Kms para sair, entretanto fico com a estranha sensação de que a saída é aquela mas agora a estrada tem pinos e o GPS indicava que faltava 1Km, mas agora já não existe saída. O raio do GPS enganou-me! Entretanto o GPS efetua o recálculo do trajeto, no entanto não tinha melhores alternativas que confiar novamente nele. Sigo as instruções, com algumas reservas, e chego a uma portagem. Visto que na portagem anterior o dispositivo da via verde apitou, presumi e erradamente que este iria funcionar e entro numa “via fácil”, felizmente estas não são assim tão “fáceis” e têm uma cancela, o raio da cancela não abria, entretanto a portageira num guichet ao lado começa a dizer que não tenho autorização bancária para que funcionasse em Espanha, nada mais me restava que enfiar a viola ao saco, ligar os quatro piscas e recuar para o guichet do lado e pagar não com o cartão, mas novamente com dinheiro.
Ao fim de um caminho um pouco sinuoso, com o copiloto desta vez a dar as instruções corretas, lá consegui chegar ao parque industrial. No entanto a fábrica onde me dirigia parecia ter desaparecido. Ao fim de algumas longas voltas, pergunto a uma nativa que deambulava pelo parque. Parecia confusa, e pensei “hum, isto não vai dar em nada”, e foi mesmo isso! Continuei por ali de um lado para o outro até que de repente finalmente vislumbrei a fábrica.
Dirijo-me à portaria, e indico o meu nome e o contato interno. Mas a porteira diz-me que a fábrica se encontrava encerrada, “festivo”. Ninguém disse nada, mas pelos vistos era feriado municipal ali. Tanto “sofrimento” para ali chegar, e acabo por bater com o nariz na porta!
Volto então para trás. Mas como qualquer português, pouco antes da fronteira passo numa superfície comercial e compro uma embalagem de caramelos. Não sei quem começou com esta “tradição”, nem quando, nem porquê! Mas cumpro-a religiosamente, ou melhor, quase religiosamente, porque trouxe caramelos de chocolate. Modernices! Espero que os portugueses mais ortodoxos não leiam esta parte! A esta “tradição” acrescento ainda uma de cunho pessoal, a compra de um “KAS”, mais concretamente uma lata de “limon” e outra de “naranja”.

Deixo as compras o resto do dia no carro, ao chegar a casa abro a mala do carro e deparo-me com a mala do carro molhada. O raio da “KAS” de “limon” rebentou!


A análise do senhor provedor Américo Baptista:
Grande aventura Sr. Campos. Para ter mais emoção só faltou um pneu
furado e o pneu extra estar vazio.

Comentários

  1. Poder dar jeito saber: um furo num pneu, diz-se em espanha "pinchaço". Boa sorte.

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