Ergue o saco do chão e tira lá de dentro uma sandes de presunto embrulhada em guardanapos . -“A menina tem fome?” Diz ele, o velho, à menina que se encontrava sentada do seu lado esquerdo. A menina acena, timidamente, que não e ele continua. -“Sabe eu já estou aqui desde as sete da manhã. Isto é sempre a mesma coisa, obrigam-nos a vir bem cedo e despacham-nos tarde, já quase de noite. Acho que eles gostam de nos ver aqui a sofrer. E depois, ainda há quem os presenteie no Natal! Esses sim é que mereciam esperar, e olhe que não eram nem oito nem dez horas, vinte e quatro horas e sem puderem comer nada, que era para verem se aprendiam…” A menina acena que sim, evitando a conversa. -“Eu tratava-lhes da saúde a todos…” Volta o velho ao ataque -“Esses tipos de bata branca, armados em tipos importantes e essas velhas solteironas frígidas que se acham importantes, era fechá-los na casa de banho durante dez ou doze horas, e ver essa cambada a sofrer ali fechados. Desligava-lhes a água, para que...